No auge do prestígio sindical dos trabalhadores ingleses, quando se decretava uma greve econômica, os dirigentes pregavam na parede do sindicato uma tabela ou um gráfico em que se assinalava o que se vinha perdendo, o que se reivindicava, o que se perdia durante a greve e o resultado em caso de vitória. O quadro demonstrava, a cada momento, as possibilidades e as dificuldades e sintetizava o resultado monetário, ainda que não considerando os ganhos políticos e organizativos da greve.
Foi o que fez o companheiro economista Cid Cordeiro ao analisar para a diretoria do sindicato a greve dos metalúrgicos da Renault, no Paraná. Depois de detalhar cada etapa do novo acordo obtido (em relação ao acordo anterior de 2020) e “precificar” cada situação, Cid demonstrou que todo trabalhador grevista na Renault havia ganho, com a greve de 16 dias, 3,2 salários. É um bom resumo monetário do resultado, acrescido das vitórias sindicais em coesão, prestígio e confirmação de que “quem luta vence”.
Em meu último texto critiquei a incompetência da mídia grande nacional em não cobrir a greve do Paraná. Quero agora destacar o excelente papel desempenhado nela pela comunicação do sindicato que, em tempo real e a toda hora, informava aos trabalhadores e à sociedade o desenrolar da luta, vinculando-a a todo um leque de atividades do sindicato (esportivas, ligadas à saúde, familiares) bem como aos serviços continuadamente prestados pelo sindicato. A comunicação sindical conseguiu, no Paraná, furar a bolha comunicacional do silêncio.
A informação do companheiro Cid, a valorosa comissão sindical e a atitude dos dirigentes (em especial aqueles dirigentes no local de trabalho) confirmam a vitória dos trabalhadores e a força sindical dos metalúrgicos.
Por João Guilherme Vargas Netto consultor de entidades sindicais de trabalhadores
Fonte: A força sindical dos metalúrgicos – CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos